INFORMÁTICA PARA TODOS é um programa de Rádio transmitido em cerca de 50 Rádios Locais do Continente e Ilhas desde Setembro de 2003

A fim de facilitar a consulta de alguns dados ou ajudas que nem sempre é possível fixar durante a transmissão de um programa de Rádio deste género e corresponder aos constantes pedidos de vários ouvintes e mesmo alguns organismos para que os respectivos textos lhes sejam fornecidos, tomei a decisão de os colocar neste espaço da Internet assim como uma versão áudio do programa de Rádio, existindo neste caso um link para aceder ao texto. Deste modo serão facilmente consultados.

Como se compreende, tanto os textos como as versões áudio de cada programa só aqui serão colocados uma semana depois, pelo menos, daquela em que foram transmitidos via rádio e segundo o possível interesse da sua consulta.

Eventualmente aqui estarão também outros programas mais antigos que tenham merecido algum destaque pelos conteúdos que divulgaram.

Gil Montalverne


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30.5.12

PROGRAMA DE INFORMÁTICA PARA RÁDIOS LOCAIS
16/22 ABRIL de 2012
Emissão nº 407

Neste Programa:
Cobôs são robôs que interagem com os humanos
ArtProject da Google aumenta de 17 para 141 museus em 40 países


Ora bem, se no programa anterior demos conta dos receios de que a Internet venha a contribuir para alterar algumas capacidades do nosso cérebro, segundo estudos do investigador norte-americano, Nicholas Carr, hoje temos algo de mais positivo para divulgar. É que segundo uma engenheira portuguesa, formada no Instituto Superior Técnico mas radicada nos Estados Unidos, professora na Universidade de Carnegie Mellon, em Pitsburg, o futuro está na simbiose entre os humanos e a máquina. Aliás Manuela Veloso vai presidir dentro de dias à Associação Americana para o Avanço da Inteligência Artificial e foi mesmo incluída pela Academia Chinesa de Ciências na lista dos 20 cientistas internacionais mais destacados. A Engenheira Manuela Veloso tornou-se responsável a nível internacional pelo desenvolvimento do conceito de CoBots ou Cobôs. O nome CoBot é constituído pelas duas primeiras sílabas de Collaborative e Robots, ou seja Colaborativos Robôs ou robôs colaborantes. Os cobôs são então robôs capazes de interagir com os humanos. Todos nós sabemos que os robôs podem andar sozinhos, sem capacidade de monitorização e desempenham uma série de tarefas para as quais foram programados. Mas as suas capacidades cognitivas são limitadas pois não conseguem entender tudo o que se pretende deles. O que tinha sido feito até agora era acrescentar mais algoritmos na programação mas estávamos sempre muito longe de máquinas capazes de fazerem tudo por si próprias - diz Manuela Veloso. E por isso resolveu há cerca de dois anos iniciar um estudo em que se conseguisse dotá-los de uma espécie de autonomia simbiótica, isto é a possibilidade de em determinadas tarefas interagirem com os humanos. E assim nasceram os Cobôs. Há cerca de dois anos eles já se passeiam pelos corredores da Universidade cumprindo algumas tarefas. Com cerca de metro e meio, movem-se sozinhos, sobre rodas e podem levar mensagens ou pequenos objectos num cesto, de uns gabinetes para outros, acompanhar visitantes e até fazer visitas guiadas. Imaginem que até podem andar de elevador. Mas aí lá está. Têm de pedir a alguém que carregue no botão para o andar que desejam, tal como necessitam que alguém coloque no cesto os objectos que pretendem. E isso acontece porque não têm braços. Manuela Veloso diz que isso poderia ser conseguido mas não acrescentaria muito porque existe grande diferença entre agarrar num livro ou numa chávena de café, por exemplo. Daí portanto a colaboração com os humanos. Máquina e homem. Os próximos passos, segundo esta investigadora, é que toda a informação recebida poderá ser armazenada. E assim as tarefas para as quais necessitam de ajuda diminuirão com o tempo. A autonomia deles residirá sempre naquilo que lhes pode ser acrescentado. E esse será o futuro diz Manuela Veloso, uma cientista portuguesa a ser distinguida mundialmente. Uma colaboração ou simbiose entre humanos e a máquina. Nenhum de nós é auto-suficiente. Com os cobôs, tudo vai ser diferente. Com a sua ajuda faremos melhor certas tarefas do que se estivermos sozinhos, mas eles igualmente não serão capazes de fazer outras sozinhos. Mais um trabalho que nos orgulhamos ter sido levado a cabo por uma cientista portuguesa. Valham-nos estes exemplos.
SEPARADOR:
E temos agora um convite para oferecer aos nossos ouvintes. Quando estas coisas acontecem na Rádio ou na Televisão, isto significa que esse convite pode ser obtido mediante um telefonema para o número tal ou tal, nos próximos minutos, mais ou menos assim. Desta vez o convite é para todos e está na ponta dos vossos dedos, num clique em www.googleartproject.com. Trata-se do alargamento on-line do projecto da Google iniciado em Fevereiro do ano passado com a colaboração de então apenas 17 museus e galerias e mil obras digitalizadas. Pois a partir do passado dia 3 de Abril, com a apresentação de 151 novos parceiros e um total de cerca de 30.000 obras digitalizadas, o projecto disponibiliza para todos os utilizadores em todo o mundo, uma grandiosa exposição das mais importantes obras de arte dos mais famosos artistas das mais variadas nacionalidades. Como devem recordar-se, os que eventualmente visitaram a primeira versão, é mesmo possível e agora aumentada para 46 instituições, efectuar visitas virtuais através do site do projecto percorrendo diversas salas, tal como se estivéssemos no local, deslocando-nos por este ou aquele corredor sinalizado em frente, à esquerda ou à direita. Isto é possível devido à Google ter fotografado o interior com câmaras de 360 graus em alta resolução, que permitem além disso, como na simples visualização de obras noutro dos menus, ver pormenores que à vista normal ou como se diz desarmada seria impossível. Simplesmente fantástico é o que se pode dizer deste projecto. Pode efectuar-se uma inscrição gratuita onde ficam arquivadas as nossas visitas para futuramente lá voltarmos. É como se visitássemos os célebres Metropolitan e o MoMA, em Nova Iorque, o Hermitage, em São Petersburgo, a Tate Britain e a National Gallery, em Londres, o Museu Rainha Sofia, em Madrid, Palácio de Versalhes, em França, Museu Kampa, em Praga, Galeria Estatal Tretyakov, em Moscovo, ou a Galeria Uffizi, em Florença, e o mais que apreciado Museu Van Gogh, em Amesterdão. Mas entre as novas instituições representadas estão a Casa Branca, o Museu de Arte Islamita do Qatar e a Galeria Nacional de Arte Moderna da Índia. Os amantes de arte vão poder aceder de facto a uma grande variedade de criações artísticas em diversas culturas ao longo da História das civilizações, como as artes decorativas islâmica, a arte rupestre africana ou os graffiti de rua do Brasil, mas também por exemplo o tesouro nacional japonês de Hideyori Kano ou o Tríptico de Santiniketan nas paredes da Galeria Nacional de Arte Moderna, em Deli, na Índia. Ao abrir a página principal, os utilizadores poderão pesquisar conteúdos em função do nome do artista, da obra, do tipo de arte, do museu, da cidade ou da colecção que querem aceder. Podem ainda procurar obras de arte por período, artista ou tipo de arte obtendo resultados dos diversos museus de todo o mundo. E uma novidade que nos dá uma certa reputação é a presença portuguesa, ainda não em museus mas, com algumas obras da colecção Berardo, em Lisboa. Estão representadas duas obras do artista português Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918) - "Pelas Janelas" e Sem Título (Ponte) - e outras obras, nomeadamente do artista uruguaio Joaquin Torres Garcia, dos russos Liubov Sergeievna Popova e Lazar El Lissitzky e do francês Robert Delaunay. O Google está empenhado em trazer para o mundo online todos os tipos de cultura e torná-los acessíveis em todo o mundo. O Art Project demonstra como a Internet ajuda a difundir o conhecimento. Felicitemo-nos por isso.